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CERRADO INFINITO
da PRAÇA DA NASCENTE

Início: 13 de junho de 2015.

Local: Praça Homero Silva, ( Praça da Nascente ) Sumarezinho, ZO, cidade de São Paulo.

Espécies EM DESTAQUE: Capim-rabo-de-burro, capim-barba-de-bode, lobeira, araçá-do-campo, guabiroba, fedegoso, carqueja, alecrim-do-campo, capim-sapé, capim-colchão, capim-pé-de-galinha, língua-de-tucano, elegante, erva-grossa, jurubeba, candeia, juqueri, arranha-gato, dormideira, barbasco, branqueja, begônia-do-brejo, fruta-do-pombo, copaíba, sumaré, batata-de perdiz,  canela-de-velho, marmelinho-do-campo, amargoso, arnica-do-campo, caraguatá, murici, ananás... algumas plantas, por diversos motivos referentes ás dinâmicas de um espaço público, são depredadas ou roubadas, o número de espécies se torna flutuante e plantas aparentemente bem estabelecidas podem sumir depois de um tempo. Se trata de uma vegetação em continua tensão com o ambiente urbano, e as plantas que se estabelecerem definitivamente serão as mais adaptadas a essas dinâmicas.

Área aproximada: 2000m

Trilha: 400m

Ações: Plantio e manutenção do Cerrado Infinito aos sábados das 9h as 11hs.

Conceituação:

O Cerrado Infinito é uma obra oriunda da land art, desenvolvida de forma relacional, com intenções ativistas.

Dessas características e inspirado nas plantas, surgiu o termo arte ruderal, que nomeia o território e todas as atividades dentro dele. Diferente de um jardim ou uma restauração ecossistêmica, e sem intenção utilitária em relação aos problemas ambientais da cidade, o Cerrado Infinito se propõe a recriar a paisagem dos extintos campos de cerrado paulistanos, para vivenciar o cerrado á partir de um debate histórico de ocupação dos territórios e destruição dos biomas. 

Ele se constitui como um ecossistema cultural,  e pode ser palco, ateliê, objeto de estudo, lugar de descanso e ócio, um território biodiverso, um monumento da destruição dos biomas, ou uma plataforma de debates sobre como reverter essa destruição em curso. Parte importante da obra é o evento aberto DESCOLONIZATION!! Picnic Internacional de descolonização da paisagem vegetal mundial,realizado de forma aleatória, com duração de um dia, com ativações artísticas feitas, pelos artistas que participam das ações de desenvolvimento do Cerrado Infinito, e alguns convidados, alem de conversas com especialistas diversos que vão falar assuntos da botânica, ornitologia, antropologia, xamanismo, ativismos entre outros debates. Até o momento foram realizadas  11 edições.

Histórico: O Cerrado Infinito começou á partir de um grupo de plantas que anteriormente formavam a instalação "Como desenhar montanhas não descobertas”, obra que fazia parte da exposição "Terra nom descoperta", individual de Daniel Caballero, apresentada um mês antes na Galeria Virgilio. 

Essas plantas iniciais, foram coletadas em diversos terrenos baldios, espalhados pela cidade de São Paulo, para fins de estudo artístico, mas cresceram e acabaram formando um jardim, que foi usado para compor a instalação. Ao término da mostra, foram  plantadas na Praça da Nascente. 

O primeiro dia de atividades, na preparação da terra arrancamos o gramado da praça,  ficou patente a completa falta de informação de todos os presentes sobre o assunto. Até então, fora poucos botânicos e pesquisadores, quase ninguém sabia que a cidade de São Paulo tinha se desenvolvido sobre um relicto de cerrado, apontando a Mata Atlântica como fitofisionomia predominante pré-colonial.

As plantas eram vistas como ervas daninhas, a forma de cultivo dessas espécies era completamente desconhecida, a cultura que as pessoas tinham, baseada em práticas agrícolas e de jardinagem comum, eram a antítese do que poderíamos chamar de "cultivo de cerrado”. A restauração do bioma, ainda engatinhava, e era baseada em plantio e semeaduras de árvores, descaracterizando a estrutura básica da savana. Também não existiam paisagistas que trabalhassem com esse tipo de vegetação e pouquíssimos viveiros faziam um trabalho focado nessas plantas.

Desse panorama se constatou que um jardim com essas plantas não sobreviveria numa área pública, e foi então formulado  o processo semanal de plantio do Cerrado Infinito,  para pensar e  apreender junto.

A ação central consiste em plantar exclusivamente plantas do cerrado paulistano, formando duas fileiras paralelas, deixando entre elas, uma passagem. Esse processo, repetido ao longo de semanas desenvolveu uma trilha de terra, que avançava sobre o gramado, enquanto a vegetação nativa se adensava.

Foi feito á partir de um grupo inicial  de participantes, que ao longo de alguns anos, desenvolveu uma trilha com 160 metros de extensão, e uma paisagem com aproximadamente  150 espécies de plantas.

Pelo grupo flutuante passaram Evandro Saroka, Marcos Xavier, Tiago Queiroz, Mariana Prata, Edegar Bernardes, Leticia Rita, Monica RIzolli, Bianca Brasil, Paolo Sartorelli, Thiago Ruiz, Larissa Jordan, Elvis Rocha, Ananda Carvalho, Anna Luiza Marquez, Marcos Issao, Eduardo Salvino, Alfredo Morel, Erica Bettiol, Silvia MH, Chris Ameln,  Luciene Lamano, Teresa Siewerdt e Tiago Santinho entre outras pessoas de passagem ou que participaram  eventualmente.

Esse primeiro ciclo do Cerrado Infinito, aconteceu até a pandemia de Covid-19, quando se dissolveu completamente.

Durante a pandemia, o Cerrado Infinito foi mantido por jardineiros contratados, pagos com a venda de camisetas, e ajudas pontuais da sub-prefeitura do distrito da Lapa.

A falta de circulação de pessoas, teve um efeito muito bom na vegetação que com as manutenções se consolidou e passou a se reproduzir, criando uma paisagem cada vez mais espontânea, permitindo a reintrodução de novas espécies de plantas, que estavam extintas na metrópole.

Com o termino da pandemia, a trilha foi duplicada, e um terreno ao lado foi preparado para continuar os plantios, no entanto poucos  encontros foram feitos, e o foco foi manter a vegetação, para desenvolver dois novos Cerrados Infinitos, o da Casa das Caldeiras, e o da Borda do Caaguaçú.

Em Fevereiro de 2024, aos sábados pela manhã, retomamos as ações e plantios no Cerrado Infinito da Praça da Nascente…

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