Como um cão, Diógenes vivia numa praça, em um barril, nu, apenas com uma túnica e seu cajado, buscando viver com o essencial. Não tinha e-mail, nem participava de redes sociais por que não tinha internet, que de qualquer forma não serviria para nada já que não tinha celular nem mais coisa nenhuma. Nem copo ele tinha, bebia água da nascente com as mãos, afinal, o que mais ele precisava para ser feliz?
Diógenes era o cara mais radical da Grécia antiga, e o maior expoente do cinismo, (como um cão, do latim cinicus) corrente filosófica que adotava um modo de vida minimalista, de acordo com a natureza. Era um ativista contra a caretice, e as idéias retrógradas da sociedade de consumo.
Pois bem, um dia Alexandre o Grande, o maior playboy empreendedor da época, queria por que queria tirar uma selfie com ele, e patrocinar suas idéias. Então perguntou:
- Orra meu! O que posso fazer para te ajudar? Peça o que quiser beloo! Que tal começarmos juntos umas startape? Moradias populares pra cachorros, puta case meo!
O silêncio. Diogénes olha nos olhos de Alexandre, que desvia o olhar, mas insiste:
- O que posso fazer por você, caro Diógenes?
Com um pequeno latido, sucinto, o filósofo diz:
-Saia do meu sol!
Tempos atrás, o Cerrado Infinito foi procurado por uma incorporadora que construía edifícios perto da Praça Homero Silva. Falaram que era um trabalho incrível, coisa de um gênio renascentista redivivo, e que seria ótimo para a marca deles, ops! Seria ótimo para a cidade patrocinar o projeto e fazer lindos jardins para o paulistano médio.
- Não é um jardim! O Cerrado Infinito não é um jardim! O Cerrado Infinito é um ecossistema artístico-natural, que tem consciência própria e direitos como sujeito.
Eles não entenderam, e insistiram falando que adoram essa pegada “botanical artsy”:
- O que podemos fazer por você, caro Cerrado Infinito?
Ponderando com as plantas, e reverentes a Diógenes, respondemos em conjunto, prontamente dando voz ao Cerrado Infinito:
-Prédio, saia do meu sol!
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